O desejo que ficou no ar

Permitam-nos apresentar

Usaremos nomes fictícios, afinal, certos segredos merecem permanecer na penumbra.

Ele: André — moreno, cabelos grisalhos que contrastam com a juventude no olhar, 1,86m de altura, ombros largos, olhos castanhos-escuros e um corpo de falso magro. Vive na correria entre trabalho, estudos e treinos, mas ainda assim, nunca se encontra sem aquele perfume que deixa um rastro na memória.

Ela: Adriana — pele clara e macia, cabelos cacheados que descem até o meio das costas como ondas indomáveis. Cintura fina, coxas firmes e generosas, bumbum arredondado, seios pequenos e delicados. Lábios carnudos, moldados para provocar. Onde passa, não é apenas notada… é lembrada.

Somos casados há dois anos, mas desde o dia em que nos cruzamos, vivemos como se cada encontro fosse o primeiro — e o último.

Quando nos conhecemos, Adriana estava recém-liberta de um relacionamento.
André, prestes a sair de um casamento, ainda morava sob o mesmo teto da ex.

O cenário do nosso início foi a academia.
Ele chegava em cima da moto, eu pela lotação.
E ali, entre halteres e suor, as provocações começaram.

Numa noite, depois do treino, ele me abordou:

— Quer uma carona? — disse, com um meio sorriso.

Eu usava um macacão azul que desenhava cada curva como se tivesse sido feito sob medida para meu corpo. Mas o risco era grande: a ex dele também treinava ali.

— Vai primeiro… a gente se encontra lá fora — respondi, tentando soar indiferente.

Ele saiu. Dobrou a esquina e, minutos depois, mandou:
“Tô te esperando. Capacete no jeito pra você.”

Esperei, fiz algumas fotos no espelho, como quem mata tempo, e fui.
O ronco da moto me recebeu antes mesmo que ele tirasse o capacete extra para mim.

Paramos perto de uma mureta.
A conversa fluía, mas eu sabia que minha mãe poderia aparecer a qualquer momento.

Não demorou. A janela se abriu.

— O que você tá fazendo aí tão tarde? — perguntou, com aquele tom que mistura cuidado e vigilância.
— André me deu carona. Estamos só conversando — respondi.

Assim que ela fechou a janela, André me puxou pela cintura, aproximando seus lábios do meu ouvido:

— Agora sua mãe já sabe que você está comigo… — murmurou, deixando o calor da respiração escorrer pela minha pele.

Seu beijo no meu pescoço foi lento, como quem anuncia que não tem pressa.

— Nem vem, não vai acontecer nada. Estou de macacão e estamos na rua.
— Quem faz o lugar somos nós — rebateu, com aquele brilho nos olhos.

A rua, às vezes vazia, às vezes cheia, era cúmplice e obstáculo ao mesmo tempo.
No fim, deixei escapar:

— Outro dia…
E esse “outro dia” passou a morar nos pensamentos dele.

Duas semanas depois…

O divórcio estava prestes a ser oficial.
Ele foi treinar, não me encontrou e mandou mensagem:
“Treinou hoje?”
— Não. Já tô deitada.

A resposta, para ele, não foi um ponto final. Foi um convite velado.

No caminho até minha casa, enviou:
“Não acredito que você vai dormir… Estou te vendo, e não parece nada sonolenta.”

— Como assim? Você tá aqui?
— Sim.

Era mentira. Mas uma mentira bem calculada para acender minha curiosidade.

Quando cheguei à janela e não vi nada, ele já estava virando a esquina.
Parou do outro lado da rua e mandou:
“Olha agora.”

Lá estava ele, com aquele sorriso de quem sabe exatamente o efeito que causa.

— Você é louco! Eu disse que ia dormir!
— E é exatamente assim que quero te receber… sem nada.

Meu corpo sabia que, se eu saísse, a promessa se cumpriria.

— Espera, vou me vestir. Só não sei o que falar pra minha mãe.
— Diz que veio me trazer um copo d’água.

Vesti o primeiro vestido que vi: preto, leve, que balançava na altura das coxas.
Desci com uma garrafa de água e um copo, como se isso fosse disfarçar minhas intenções.

Ele me olhou dos pés à cabeça.
— Você não acreditou que eu viria, né?

A conversa durou pouco antes que ele me prendesse contra a parede.
O beijo foi urgente, as mãos deslizando sob o tecido.
Meu corpo já não se lembrava do “não” que minha boca dizia.

— Vamos dar uma volta — sugeri, numa tentativa inútil de esfriar o clima.

André me abraçou por trás enquanto caminhávamos, seu corpo colado ao meu.
Cada passo aumentava a pressão, a tensão, a vontade.

Chegamos a uma praça pouco iluminada, onde o mundo parecia suspenso.

Os olhares se encontraram. Não precisávamos de palavras.

O beijo veio mais voraz.
As mãos, mais ousadas.

— E se…? — deixei escapar, antes de me inclinar para frente, apoiando as mãos no banco de concreto.

O vestido subiu como se fosse parte do roteiro.
André me fitou, tirou o pau já rígido, e roçou em mim, provocando cada nervo da minha pele.

Me puxou e me sentou sobre uma mureta, abrindo minhas pernas para me degustar como se fosse o último gole de um vinho raro.

A língua dele explorava com fome e precisão, enquanto minhas pernas tremiam e meus gemidos perdiam qualquer censura.

Quando o orgasmo me atravessou, olhei para ele e sussurrei:
— Agora me fode de quatro.

Ele me penetrou com força, segurando meus cabelos como rédeas.

Carros passavam. Um casal observava de longe.
Nada disso o fez parar.

Cada estocada parecia mais intensa que a anterior.
Quando gozamos juntos, foi como se a praça inteira tivesse desaparecido.

Nos recompusemos e voltamos como se nada tivesse acontecido.
Mas no fundo, sabíamos: aquela noite foi uma insanidade deliciosa — só nossa.

Em breve, outras aventuras virão.
E talvez… ainda mais perigosas.

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