Joguei a blusa no ombro, vesti bermudinha curta e com as coxas de fora, guardei o dinheiro no bolso e lá fui eu comprar mortadela e queijo na padaria da pracinha. Eu tinha 19 anos, tava com o corpo empinadinho naquela época, rabudinho, e era acostumado a receber olhares de homens e também de mulheres quando andava na rua, talvez por conta da minha aparência angelical e do meu jeito de viado soltinho. O que as amigas coroas da minha tia não sabiam é que eu tava mais pra diabinho do que pra anjinho.
– Fala, Dado! Tranquilo, moleque? – Joca me parou na rua, pôs a mão no meu ombro e eu o encarei com total atenção, deixei o padeiro tenso.
– Tudo certo, amigão. Vem cá, minha tia ficou preocupada contigo. Foi o pneu de novo?
– Porra, Dadinho, nem fala! Essa porra de bicicleta só dá trabalho, tomar no cu! – o trintão reclamou e desceu a mão do meu ombro pra minha cintura.